quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Fichamento de resumo


                                         Repensando a textualidade
                       
                                             Maria das Graças Costa Val (FALE/UFMG).

O conceito de textualidade é construído a partir de um conjunto de características que fazem do texto um todo coeso, e não apenas um amontoado de palavras e frases.
O desenvolvimento da linguística textual (LT) começou na Europa e se ocupa em estudar os fatores e princípios constituintes para a produção e recepção de um texto. Os estudos voltados para os fenômenos que ultrapassam os limites da frese (texto e discurso) tem se fortalecido e se ampliado no campo da linguística, desde o final da década de 1960 até os dias atuais.
Para retomar o conceito de textualidade é necessário se fazer um rápido panorama das tendências mais marcantes no interior da própria LT. Entre eles podemos citas três momentos tipológicos apontados por Maria Elisabeth Conte, a saber: a análise transfrastica, que surge a partir da constatação de que há fenômenos sintáticos que não podem ser suficientemente entendidos quando se tomarmos a frase como unidade máxima de análise; A segunda vertente passa a ver o texto, fundamentalmente, como uma unidade lógico-semântica. Ganha importância, então, a compreensão de que um texto é mais do que uma sequência de enunciados conectados, e que sua significação é um todo; No terceiro momento, a tendência dominante é  construir teorias de texto em que os aspectos pragmáticos assumem status privilegiado.
Conte (1977) não chega a analisar e situar nesse quadro obras contemporâneas ou posteriores à publicação de seu trabalho e que se tornaram clássicas no campo da linguística textual então, Costa Val faz um rápido exercício de interpretação dessas obras.
Para Costa Val, poderíamos entender o trabalho de Halliday & Hasan (1976) como buscando a integração entre as dimensões sintática e semântica do texto.
O texto para Halliday & Hasan (1976) “ é uma unidade de língua em uso” (P.1). A textura, conceito equivalente ao de textualidade, é definida como propriedade que “deriva do fato que o texto funciona como uma unidade em relação a seu contexto” (P.2).
Essa posição, entretanto, nunca foi unânime no campo da LT. Autores como Harwerg (1968), situados por Conte (1977) no primeiro momento da LT, definiram o texto como “cadeia pronominal interrupta”, no segundo momento fortaleceu-se a posição contrária de que “a coesão não é necessária nem suficiente” e que a coerência é o fator decisivo da textualidade.
No Brasil, a autora cita Marcuschi (1983:28) que afirmava que embora a coesão seja um principio constitutivo do texto, ele não é nem suficiente nem necessária para a textualidade, aspecto no qual ele discorda de Halliday & Hasan. Kock & Travaglia também  assumem a mesma posição de Marcuschi.
A autora afirma que a crescente compreensão dos aspectos cognitivos, pragmáticos e discursivos do texto leva hoje a superação dessa própria discussão e apresenta Baugrande & Dressler (1981) que postulam sete princípios de textualidade – coesão, coerência, intencionalidade, aceitabilidade, informatividade, situacionalidade e intertextualidade – e três princípios reguladores, que controlam a comunicação textual – eficiência, eficácia e adequação.
Costa Val aponta ainda um terceiro texto como importante para a LT que foi o artigo de Charolles (1978), introduction aux problèmes de La cohrence des textes, e diz que a importância desse artigo está na tentativa do autor de explicitar o sistema implícito de regras de coerência com o qual operamos na produção, interpretação e avaliação de textos. As regras ou “meta-regras” não são pensadas como tendo caráter normativos. Charolles postula quatro meta-regras de coerência, a saber: a primeira é a meta -regra de repetição; a segunda diz respeito à progressão; a terceira se refere a não-contradição e a ultima é chamada de relação. Para Costa Val, as meta-regras se mostram úteis em sala de aula porque “destrinçam” de que se constitui a coerência, possibilitando ao professor orientações e avaliações mais objetivas, menos dependentes de gosto ou crença pessoal, no trabalho com textos.
A autora conclui seu texto afirmando que “quando se pensa o texto não como um produto em si, mas como resultado de uma atividade linguístico-cognitiva socialmente situada, o ensino da escrita começa por explicar aos alunos a necessidade de pautar o trabalho de redação por perguntas voltadas para a dimensão internacional. (...) a autora acredita que um trabalho de ensino orientado pelos princípios expostos pode contribuir com o sucesso para a formação de escritores e leitores bem preparados para a convivência social.

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