quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

resenha crítica

Elisa Guimarães a articulação do texto
          GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto / – 10ª Ed – são Paulo: ática 2007.
        
O texto depende da situação comunicativa, pois ele se desenvolve de acordo com o contexto Jacobson, para isso é preciso entrar em sintonia com os referentes; este pode ser referentes textuais-os que remetem ao próprio texto o os referentes situacionais, são diversas situações em que se pode consumar a mensagem. No primeiro é preciso considerar os traços lingüísticos  levando em conta a estrutura semântica e o valor polissêmico desses termos. Esta dentro deste segmento específico do texto, o contexto intratextual imediato constituído pela unidade  ou sequência de unidades que no texto antecede ou se pospõem a um dado segmento. Há também o contexto intratextual acumulado encontrado na narrativa literária; no contexto formal, há as expressões indiciais que remetem à componentes da situação comunicativa emissor-receptor também denominado dêiticos. Segundo buhler em sua teoria Del languaje  os dêiticos são sinais  que designam mostrando e não conceituando. Referentes textuais, o texto passa a referir-se a um contexto verbal ou formal da mensagem, na mobilização de componentes diversos cognitivos, discursivos, afetivos, sociológicos, culturais  o texto chega a definir-se como recriação verbal de situação bem como condiciona a significação. O texto passa a existir num processo global de comunicação e de interação. Ato locutório produzido conforme as regras de um sistema gramatical; ato ilucutório usado para influenciar no comportamento do receptor; ato perlocutório responsável pelo efeito produzido no receptor ou alocutório. Entre diversos sentidos de uma palavra somente emerge á consciência aquele que é determinado  pelo contexto.
 A palavra texto designa um enunciado qualquer oral ou escrito, longo ou breve. Concretiza-se, pois, numa mesma cadeia sintagmática de extensão muito variável podendo ser um enunciado único ou um segmento de grandes proporções. São textos, uma frase, um fragmento de um diálogo, um verso, um poema, um romance. Se a atenção se voltar para a estrutura interna do texto, estabelece-se uma tipologia de acordo com a forma de estruturação na matriz se três gêneros-descritivo narrativo e dissertativo. Werlich chama “mistos” a esses tipos de texto. Barthes em relação ao discurso argumentativo: discurso deliberativo; pretende o aconselhamento. Discurso judiciário tem como ponto de mira a acusação ou a defesa. Discurso epititico tem como finalidade a loa ou a censura. Discurso critico visa ao acordo ou a contestação.
 É possível distinguir entre o texto objetivo e o subjetivo levando em conta dados extralinguísticos. Em relação autor/leitor o discurso é autoritário: o autor pretende fazer o leitor fazer. Discurso factivo: o autor pretende fazer o leitor ser. Discurso cientifico: fazer o leitor saber. Discurso persuasivo: o autor pretende fazer o leitor crer. Werlich, que, a partir das estruturas linguísticas do texto, aponta o tipo descritivo (arranjo no espaço), narrativo (desenvolvimento no tempo) expositivo (análise e síntese das representações conceptuais), argumentativo (tomada de posição) instrutivo ( incitação a ação).  
Organização do texto: articulação de elementos temáticos

Nessa parte de eu livro, o autor comenta como se da a organização do texto, e assim formando um eixo de sentido a partir de uma organização dos enunciados, frases e ate mesmo palavras. Mostra também quais elementos, e quais regras seguir na construção textual a partir de teorias ligadas a esse assunto.
Segundo o autor, os elementos temáticos constituentes de um texto plenamente construído, no qual o eixo de sentido esta, certamente, interligado a organização do lexos textuais são: as relações lógicas, no qual há uma constante linha de sentido, onde o texto segue um parâmetro linear no que se diz respeito ao foco de análise, e há também a relações de redundância, na qual se da maior ênfase no movimento “vai e vem” no texto. Ela consiste, basicamente em retomar itens já proferidos, mais q se fazem necessárias uma retomada para que não haja perca no foco analisado. Sem a mesma o texto faria um movimento linear, no entanto, de certa forma, sem rumo.  
Enfatiza também a necessidade de um encadeamento, logo que o tema seja delimitado. Encadeamento é, basicamente, um “efeito dominó” um assunto levara ao outro, contudo seguindo uma mesma direção, dentro de uma cadeia, formando uma logicidade nas ideias, resultando na contribuição essencial no sentido do texto.
Ainda seguindo a linearidade do autor, outro ponto contribuinte seria variação da estrutura temática, onde o escritor pode usar de outros temas dentro de outros assuntos, contudo consiga enfocar o seu tema. Esse recurso é bastante utilizado, e em muitas das vezes é o fator principal de uma boa construção textual. Essa variação é uma pequena parte de um grande participante de basicamente qualquer texto. Esse integrante é a intertextualidade.
Ainda no capitulo, ao final é enfatizado que outros diversos fatores influenciam para uma boa construção textual, como relações semânticas entre lexemas que são o basicamente o que constrói a articulação textual, alem de ser um dos requisitos essenciais para a formação/intersecção de coerência e coesão, em suma todo é qualquer requisito ate aqui citado também é necessário para que haja tanto coerência como coesão.
Noção de estrutura
O que determina o modo de organização de um texto são os elementos estruturais que passam a ter peso específico no conjunto a partir do processo de construção interativa. Assim. A noção de forma subentende a de função e essas, por sua vez, evocam a noção de estrutura. Há, portanto, uma harmonização de unidades que se diferenciam e delimitam reciprocamente.
A estrutura é, ao mesmo tempo, um conjunto, as partes desse conjunto e as relações que ligam essas partes. À noção de estrutura liga-se, por conseguinte a de um conceito interacional, surgindo uma estrutura sempre que percebemos os pontos de conjunção e disjunção entre pelo menos dois objetos.
Relações de equivalência e relações de hierarquia
No nível sintático, as estruturas fixam relações ou de equivalência ou de hierarquia, ou seja, de coordenação e de subordinação.
A coordenação opera-se de duas formas: uma que é explícita e outra que é implícita. Num sentido mais amplo, coordenar é “colocar junto” e os termos coordenados entre si devem ser funcionalmente homogêneos. Requer-se então em todo processo de coordenação certa unidade de sentido. Pode-se concluir que os coordenados devem pertencer ao mesmo universo do discurso.
Já no processo de subordinação, os termos se articulam num processo hierárquico de funções e valores e o que definem a articulação das orações dentro desse processo são as relações de natureza bastante diversificada.
O texto também se organiza em estrutura compacta e estrutura difusa. Na primeira, a compreensão textual do leitor tenderá a reproduzir a estrutura original do texto, e na segunda, os elementos estruturais se apresentam num quadro de deslocamento e inversões.
Agora podem ser apresentadas as partes do texto:
Título: é um fator estratégico da articulação do texto e pode desempenhar tanto função factual e de chamada como função poética e expressiva.
Parágrafo: possui uma estreita relação com o esquema de raciocínio sustentado pelo construtor do texto.
Inter e intrapartes: formas gramaticalizadas e que representam os elementos coesivos do texto num esquema de referenciação.
Início e fim: comprometem-se mutuamente na sequencialização do texto- a parte inicial tendo muito a ver com a parte final.

Variação da estrutura: superestrutura
Segundo Van Dijk, as superestruturas ou hiperestruturas representam as estruturas globais que caracterizam diferentes tipos de textos, independente da macroestrutura, ou seja, do seu conteúdo.
O autor deixa bem claro que a macroestrutura identifica-se com o significado global do objeto do texto, no entanto, a microestrutura se concretiza em relação a frases ou sequências isoladas de um todo. Tendo em vista essas noções, podemos perceber um ponto em comum entre as superestruturas e as macroestruturas, pois ambas definem-se em relação ao conjunto do texto, enquanto a macroestrutura o abarca no plano semântico global, a superestrutura o tipifica num plano sintático, ou seja, enquadra-o em esquemas particulares de articulação sintática também global.
Van Dijk cita três categorias fundamentais que tecem o esquema canônico do texto narrativo, que são: exposição, complicação e resolução. Uma avaliação e uma moral podem, eventualmente, completar o esquema.
Agora passemos a refletir em torno da superestrutura dissertativa, enfatizando a importância dos processos articuladores desse tipo de texto.
Lembremos antes de mais nada, o modelo em que se vaza o mecanismo de estruturação do texto dissertativo, ou seja, a consabida proposição que Aristóteles- em sua Arte retórica –sintetiza em quatro instâncias: 1-exórdio (captatio benevolentiae, seguida do anúncio do plano); 2-narração (relato dos fatos) 3-confirmação (exposição dos argumentos); e 4-peroração (epílogo, conclusão).
Ao longo do tempo, tem sido constante o interesse pelo estudo da ordem argumentativa, a qual organiza e descreve o mundo do ponto de vista das operações mentais e cognitivas. Afinal, a argumentação está presente em toda parte.
O discurso dissertativo é talvez o mais incerto, na medida em que o escritor (ou orador) não se pode assegurar totalmente de ter persuadido seu interlocutor. Já o discurso argumentado será diverso nas suas realizações, imprevisível, ao menos relativamente, nos seus passos e nos seus agenciamentos- tipo de discurso de leitura ou audição mais penosa, consequentemente.
 O texto que acaba de ser apresentado é indicado a todos os estudantes de letras , aos professores de línguas e pesquisadores da área que desejam aprofundar o estudo sobre  como se articula um texto e obter  uma melhor compreensão sobre as partes que o compõe e como usá-las.
     

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